sábado, 10 de maio de 2008

Rota de Colisão



Era quase como um vulcão em erupção,
O dia em que minha mãe me deixou.
Meu pulso se afundou longe dentro de mim,
Meu coração entrou em rota de colisão,
Mas de medo nem meu olhar se movia.
De cima do vagalhão era enjoativa,
Qualquer cena de cinema,
Qualquer canção de amor.
Não quero que sinta essa mesma profunda dor,
Que naquele dia eu sentia.
Nem que cometa os mesmo erros que eu cometia,
Toda vez que olhei incoerente aquela mulher,
Com ódio de ser dela minha pátria.
-Ela só me puxa para o fundo me humilha, pensava.
-Ela quer você vencedor, seu olhar morto me dizia.
E aquilo era o que mais doía,
Morreu com desgosto do filho.
Surdo, pragmático e egoísta, pois nela nada via.
Mais tarde descobri que brinquei com tudo,
Tudo aquilo que não devia,
A morte ceifou a dor da mulher,
Que me amava como nenhuma outra havia
Cuidava como a leoa e sua cria,
E eu fui tudo que não queria.
Será que um dia poderá me ouvir?
De algum lugar no espaço,
Ou até de dentro de um vulcão.
Meu grito soa alto
É um pedido de perdão
É meu coração em rota de colisão.

Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy