quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Bela que fere (e que me tange)



És bela, pensaria o trovador,
Carrega um estranho mal,
O mal da carne e da terra
Diria o adorador barroco,
Tem as formas oblíquas
Do desejo e da paixão
Iminente, arriscaria
Algum cubista proeminente.
Valeria meu singular suspiro,
Esse que seria o mais longo,
Como o vento do atlântico
A ressoar numa praia sem nome,
Verteria o último romântico.
Mas é só quando silencia
O pensamento, vejo
Cada palavra inerte pronunciada.
Quando a única resposta existente
Está na tua vontade inerente,
De amar outra vez mais
Com aquela sede crescente
De receber ao ventre
A parte de mim que nunca perdeste,
E não perderá jamais.

Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy