sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Primeiro de Março



Hoje eu acordei com areia nos sapatos
Água pela barriga, móveis boiando pelo quarto.
E na TV tanta emoção na voz do narrador
Afinal são as águas de março
Atrasei meu relógio, era uma hora no marcador.
E nada me comovi quando vi o governador
Na emissora dando seu lastro.
- É lamentável essa obra da natureza, do acaso.
Entrecortado ouvia meu filho chorando no braço protetor
De sua mãe que lhe prendia num laço.
- Antônio, perdemos tudo na água, no arregaço.
E na minha alma soava a mesma pergunta
De perguntador que eu era.
- E agora Antônio o que é que eu faço?
Mas a chuva aquela altura já havia passado
E com ela se foi março, abril e também maio.
Mas nunca se fora meu embaraço
Diante de tanto descaso.

Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Viajando Literalmente




Enquanto viajei nas cidades e as serras
Vi de tudo,
Conheci uma Senhora de nome Iracema
Que na rua pedia esmola
E perguntei a meu primo Basílio
De que se tratava tal miséria?
Num lugar deste que mais santo só parecia haver Canaã
E porque garotos de Dom
E de Dom cuspido
Por ai tinham as vidas secas
Que sempre temiam ter
Entretanto me olhava sempre indiferente o primo
E meu desgosto todo esse
Eram como flores do mal
Que teimavam em meio ao espinheiro
A crescer sem ouvir o desânimo
Como um dia fez um tal sargento
Que deixou no tempo o autor
E provando assim sua conquista
No momento em que tudo começava numa carta quinhentista.


Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Alegria tríplice!


Nós do Gênese estamos muito felizes de que mesmo com esse pouco tempo de atividade no mundo dos blogs já sermos premiados com esses três selos. Indicados por nosso parceiro do ehtudoloko que nos deixou bastante felizes, e como é de praxe vamos passar eles para cinco blogs que achamos merecedores desses selos...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Quando se for



A verdade será só sua,
Aquele caminho não tem volta,
É o caminho que escolhemos,
E não há chance remota
De sairmos inteiros,
Sem meu coração
Pule a janela,
Rasgue as velas.
Meu barco que sonha
É minha gente a esconder,
A brincar de viver,
Até anoitecer em nosso caminho,
Cada soluço é um destino.
E sempre igual o dia gira
E parece normal
Que a gente insista
Em alguém que sempre vem
No dia da partida.
Do meu amor,
Do meu coração,
Da minha vida.


Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Traduzindo em Sentença




Está no ato de destruir
O combustível de tudo isso
Hoje os poços sujos de petróleo
E suas mansões marítimas,
Amanhã a sua privacidade,
Seu emprego, sua vida íntima,
Que irão carbonizar em nome
De mais um caminho aberto na terra,
Que irá sangrar seu coração como lava,
Será o amor em combustão,
A esperança a mil pés do chão
A dor que nunca some, nunca acaba.

A ordem será apenas correr
Enquanto o amanhã ainda raia,
Enquanto a chama ainda acende,
Sem ser sufocada pelo ar que a vida opõe,
Assim como o fio da navalha.

Autor: Daniel Augusto
Arte: Tadeu Kendy

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Dia de Cada Manhã



E hoje o dia é de cada manhã,
E a noite reina infinita no seu limiar,
Tudo pode acontecer antes do dia começar,
Mas não espero mais que chegue sã.

Provarei dos seus gostos e no seu rosto a maçã,
E não esperarei pela provocação quando provocar,
E ela me fará surpresas quando for salutar,
Transformando toda minha luta em força vã.

Toma conta assim do seu desejo,
E quando posso vejo,
Profunda harmonia mariana,
Na tua alma inquieta e profana.

Autor: Daniel Augusto

Arte: Tadeu Kendy

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Confissão da Incerta Humanidade

Às vezes a agonia toma conta
Do coração embriagado de desesperos
Se tornando terra fértil para tortuosos pesadelos
Que refletidos na sua face
Mostra-me que teu sábio tempo
Não teve o cuidado com o que lhe pertencia
Pois deixou voar a nostalgia
Para o seu mar de incertezas
Incertas como sua doçura
Mas não chores mais
Sairemos desse jogo iguais
Pois o tempo tudo cura.


Autor : Daniel Augusto

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sono Leve

O tempo se renova a cada segundo
O vento sopra lá fora
As pessoas se engraçam com as coisas da vida
Os amantes choram a dor de uma partida
Os pensantes escolhem a letra e a rima
E eu procuro o sol por traz de seu rosto
A distante Era por traz de seus olhos que
Sozinhos refletem sua beleza
Olhos esses que não podem
Remeter tristeza, incapazes de odiar
Mas vorazes para sorrir e amar
Procuro seu coração para bater junto ao meu
E colar sua boca que esconde um perigoso mel
Um veneno vindo do céu
Que se renova a cada sorriso
E a cada novo olhar,
Para um dia se houver tédio
eu possa , cantar e cantar...

Autor: Daniel Augusto

O Desejo

E quando a gente sente
É que a gente percebe
O flagelo que o mundo se aninhou,
Onde começa a dor febril
Que por onde passou sabe quem marcou.

E a sede que mata a torto
Num poço que evapora na areia da solidão,
Dessa paisagem sobrou apenas o saborear
Da amarguidão que a vida pode tomar
Distante da graça que um dia há de voltar.

Nesse sertão de concreto
O inabitável se tornou o comum decreto
No coração que já pára por parar.



Autor: Daniel Augusto

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Pormenores

É durante a noite que o sonho sai na janela,
Ouço sua voz distante soar em curvas e ondas,
É o choro da manhã sua canção mais bela,
Memórias, destino e quanto melhores
Mais fundo dói e no alto são todos iguais,
Tudo aquilo que se fez,
Desafios banais,
Todo mundo parou pra ver,
Jurei nunca mais,
E mais de vez em quando do que nunca,
Tudo era novo e repetido,
Passos marcados,
Espelhos refletidos,
Sozinhos sua imagem e semelhança,
No vazio do seu interior a verdade
É um monte delas em escalas menores,
Mas não menos verídicas, apenas menores.

Autor: Daniel Augusto

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cosmonauta

E como sempre se começa qualquer dia,
Começou mais esta nova manhã,
Barulho nas calçadas,
Portas se abrindo e se fechando pela casa,
As vozes alteando nos volumes dos televisores,
Sons de passos, bocejos, questões mal resolvidas,
Todo um tempo antes inócuo preso, adormecido,
Acordou com fome de vida não vivida,
Mil dores, mil sabores, mil passos em falso.
Só preciso sair inteiro que o resto o tempo faz,
O tempo ama, o tempo engana.
Só preciso sair inteiro que o resto o tempo traz,
O tempo chama um dia a gente pra voar pelo céu,
Milhares de anos luz no destino de um anjo torto,
Sementes do passado não escondem o mausoléu,
Meu povo não lembra de onde veio há muito tempo.
Seus instintos vão guiá-los por esses caminhos
Antigos, perdidos por onde todos passam iguais,
Caminho seguido por filhos, avôs e pais.
Essa é a Elefantina inesquecível,
Do céu seu significado a voz que chama,
Nos ouvidos flamejantes da raça humana.

Autor: Daniel Augusto

Mudança de planos...

No último segundo optei por cosmonauta!

Espero que gostem....afinal a primeira impressão é a que fica!

Apresentação

Este Blog foi criado com a intenção de mostrar poesias e artes de dois garotos atentados pelo desejo de criar...

Reflexão, Beleza, Forma,

O que mais te atrai?